Thursday, July 29, 2010


I´m brilhant, I´m a Journalist!

Parece que foi ontem que tudo começou, subindo as escadas da faculdade com as pernas tremendo, mãos suando e coração pulsando acelerado. Abrindo um livro de infinitas páginas onde muito mais que palavras, rostos estamparam as folhas de uma história única, a minha história. A faculdade para quem se apaixona por ela, é o melhor casamento. Pois mesmo que você queira pedir o divórcio, ela te convence em instantes a não o fazê-lo. Quando descobrimos uma vocação, seja ela qual for, é como sair de um casulo que abrigava uma larva e voar como uma borboleta, isso parece clichê mas é o melhor exemplo que me vêm a mente para retratar esta relação. Eu não escolhi brincar com as letras, elas que me escolheram para interpretá-las como cartas mágicas de um baralho. O sabor da vitória é um degrau a mais da escada de acontecimentos narrada pelo livro da minha vida. Queria poder contar todos os dias, mas creio que muitos deles não vou me recordar, mas para aqueles que a memória guardou um lugar especial concedo a eternidade. O dia em que entrei na faculdade, o dia de choro ou de briga, um dia de aula entediante, um dia de graça e de riso, um dia ensolarado, outro cinzento, um dia dentro do laboratório de video, outro no de rádio, e vários, muitos dias na agência de jornalismo, que saudade. A estação mudou e permanecemos ali, até outra chegar de surpresa novamente. Como se os dias estivessem tão perto de suas páginas anteriores, posso voltar aos cenários ouvir suas vozes, sentir seus aromas, admirar seu contexto. O intervalo, o burburinho, o corredor durante o turno da noite cheio de alunos, o banco da fac, os cafés, os cigarros, os AMIGOS, os colegas, os professores. Tantas personalidades. Onde estarão contracenando? Em que palco estrelarão? Gostaria de assistir a peça de todos, mas com certeza essa não seria mais tão saborosa quanto a apresentação da minha lembrança. Uma página se fecha para outra ser aberta. ( clichê de novo) será que pessoas felizes ficam clichês? No meu caso a felicidade em dose moderada não me inspira muito não. Mesmo assim, mesmo ainda jogando com as palavras encerro meu desabafo, há algumas horas antes de receber o tão aclamado "canudo"! Adios muchachos, arriba e adelante!

Tuesday, July 27, 2010


Não interessa se as pessoas morrem a cada instante, se há crianças passando fome, se guerras silenciosas se travam entre as nações, se o mundo está a caminho do fim. A razão e a consciência se ausentaram por alguns dias e tudo que se pode sentir é uma quantidade imensa de nervos brigando entre si dentro do corpo. Extremidades que se chocam lentamente provocando pequenas explosões, percorrem toda a anatomia, a traquéia é sufocada por uma sensação de pavor. É inverno mas não faz frio, queimando está o corpo em frente a lareira acesa. A lenha se ajeita meticulosamente dentro da caixa quadrada, faiscas dançam envolvidas por uma brasa quente. Aquela cor alaranjada se projeta nos olhos cansados, foi um longo dia. Uma caixa encontra-se fechada, a um palmo de alcançá-la, as mãos correm em direção a sua superfície, levantando a tampa lentamente o fundo dá lugar a um buraco profundo e sem fim...

Saudade. Depois de procurado o sinônimo não apareceu, permaneceu ausente como o sentido que pertence, insistiu em dar as caras. Mas alguém ainda tentou denominar e para a surpresa eis então:

Do lat. solidate,soledade, solidão. atr. do arc. soydade, suydade com influência de saúde. sf.(a) 1. Lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhado do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las; nostalgia.2. Pesar da ausência de alguém que nos é querido. 3. Desiguinação comum a diversa plantas da família das dipsacáceas, principalmente da espécie Scabiosa marítima, e ás suas flores; escabiosa. 4. Planta da família das asclepiadáceas (Asclépias umbellata). 5. Bras. assobiador. 6. Bras.Cantiga da terra, entoada pelos marujos no alto mar.7. No Brasil, transforma-se o hiato desta palavra em ditongo: "sau-dade".

Quem está feliz não sente saudade. Quem é satisfeito não procura no armário trancado um objeto perdido. E se este disse que o achou, está mentindo porque quem sente saudade dificilmente a mata de uma vez só. A saudade é um serial killer. Ela vai consumindo suas vítimas aos poucos, ela se aproxima como quem não quer nada durante a noite ou ate mesmo sob a luz do dia, e instantaneamente consome-a. Quem sente saudade é saudoso de sentimentos, saudoso de sentido, de razão de ser ou de simplesmente estar. Quem lê sente saudade, quem não sabe contar também. As vezes sinto saudade de mim, de ser quem eu não fui, de estar onde não estive, de falar o que não disse ou desdizer o que deixei escapar. Mover-se com o mundo é uma constante impiedosa, é por isso que a saudade é vista como o pólo negativo do amor. Pessoas andam apressadas, não sei se estão gélidas, se não tem mais de onde tirar suas emoções, que já consumidas jazem em um terreno distante. Ou mesmo com tantos objetos de desejo, torna-se quase que impossível sentir saudade.

Veja bem, sinto saudade do mar. Do vento. Da terra. Eles continuam existindo um tanto próximos, a saudade é uma situação que gostaríamos de reviver para comprovar que podemos dominar o tempo. Utopia.

Eu não entendo porque preferi este lado da vida, o lado que deixa os pés longe do chão, é muito difícil constatar que daqui nada sei, é como se a atmosfera que me envolve não me pertencesse verdadeiramente. Procuro esconderijos para guardar meus pensamentos, ou simplesmente não os concebo. Não vejo televisão, escuto rádio para tocar a música, navego na internet para conversar, e o resto o que vai e o que fica, no fim das contas, é o que eu não sinto saudade, é a rotina, que acaba sendo sempre o tudo da mesma coisa.


As vezes parece tão simples fazer parte de tudo isso, e as ferramentas são tantas para o fazer. Mas de repente, é como se a cortina caísse sobre os ombros, e tudo se torna-se transparente. O lado de dentro é tão imenso e desconhecido, um tanto amedrontador.

Monday, July 26, 2010


O melhor esconderijo, a maior escuridão, já não servem de abrigo, já não dão proteção.

As vozes falam, ecoam sob os ouvidos fazem piruetas e giram aleatóriamente. Elas falam muito, são incessantes, reverberam palavras infinitas enquanto a língua vai consentindo. Diante do quadro, da pista, do vaivém, alegria intensa se perpetua sobre cada molécula de ser, sinto o estar, o presente, o sol se pondo ao fundo emoldurado pela janela do carro. A trilha sonora é um grito de liberdade, um som envolvente que nos acompanha até a chegada da noite.

A noite deixa os pés adormecidos. Aparece envolta a uma fumaça, luzes coloridas e vultos de pessoas passando na rua. Ela esta coberta de cinza, turva na escuridão, por hora se pinta de prateado para confundir-me. Estranhamente ligeira, ela passa, corre com as horas que trazem um dia vigoroso, mas nem tanto para quem teve suas energias consumidas pelo espetáculo noturno da insomnia. A dança que leva as mulheres a saírem sorrateiramente de suas camas durante a noite e aconchegarem-se em meio a mata deserta ouvindo o barulho das árvores batendo umas nas outras.

Sépia é a cor do telhado, tijolos que sempre deram cobertura para os melhores sonhos e também para os grandes pesadelos. Ficam encaixados uns nos outros, em formato de telha, vivem entrecortados entre si escorrendo a água da chuva límpida e gelada. Gotas que gelam os pensamentos, remontam medos soturnos, obscuridade, má intenção. Quembram-se, estilhaçam-se, caem no chão, despemcam sobre a terra atingidas pelo forte temporal. Arrasam.

Teatro diário. Você está caminhando na rua, veste seu jeans predileto, um tênis bacana que te faz sentir-se confortávelmente bem, carrega em sua carteira algumas notas para gastar no que bem entender, passeia, vê cores, saboreia um sorvete cremoso, doce e fugaz tanto quanto sua sensação de prazer. Finge não encarar as pessoas mas as observa como quem tenta decifrá-las, e de repente se depara consigo mesmo. É um reflexo do espelho da fachada da loja da esquina, que ilumina o cantinho da sua perna, faz você voltar os olhos para baixo, e percorrer o seu corpo através do espelho até o momento que encontra-se encarando a si. Para. O instante se congela, um filme pouco habitual volta a rodar na sua cabeça, frases frases, palavras, pessoas, vultos, telhas, chuva, noite, cores, medos, sonhos escuridão, sol brilhante alegria intensa, vigor... Então você percebe que precisa recuperar o seu, se pergunta quem está ali atrás da imagem refletida no espelho, questão que não passa de mera observação pois você jamais poderá responder. Começa a tentar procurar as respostas nos outros, reata as amizades, telefona para os velhos amigos, marca uma saída para conversar.

E volta novamente às palavras, recorre a elas para tecer um diálogo que quer somente conhecer a estrada que o levará ao fim. Fim do drama, fim da trama, fim do desdém. Fim da rima, fim do túnel. fim do começo.


My end is my beggining.


"En ma Fin gît mon Commencement..."
"In my End is my Beginning..."

This is the saying which Mary embroidered on her cloth of estate whilst in prison in England and is the theme running through her life. It symbolises the eternity of life after death and Mary probably drew her inspiration from the emblem adopted by her grandfather-in-law, François I of France: the salamander. The Salamander self-ignites at the end of its life, and then rises up from the ashes re-born...

Monday, July 05, 2010


As palavras apenas acontecem, como os fatos, como os acasos que não esperamos e como a esperança que de repente toma folêgo de um pobre desacreditado dianta da desgraça urbana. Eu vivo inteiramente mergulhada em mim, um dia desses gostaria de sair nadar além dos meus próprios oceanos, conhecer os corais vizinhos é algo estranhamente tentador, porém não os possuo que diferença fará. O domínio é como uma máquina escavadeira que vai desmoronando montes e montes de terra sem parar, ele se alastra rapidamente como a chama do fogo em noites de vento. E de repente se dissipa por entre a atmosfera formando uma camada marrom, epoeirada que encobre a beleza do verde macio que brota no chão. Eu sinto que não preciso formular perguntas as quais premedito as respostas, adivinho o jogo instantâneo de não fazer comparecer as palavras no alfabeto das emoções. Afinal, elas também se dissipam, se somam a poeira, ao vento, somem por entre os veios da terra e desaparecem sem que se perceba para onde foram. Eu queria ter o domínio além das palavras, queria fazer com que elas ecoassem mais do que meros significados, e sim que elas inundassem as pessoas de sensações, como um gole etílico que desce queimando na garganta. Eu gosto de bossa, também gosto de contradição. Esta estação é propícia para contradizer-me das loucuras antes consideradas insanas e me deparar com a mais pura razão. Não há o que temer quando não se tem medo, e não há medo se não haver o que temer, eu temo por não ter o domínio nem das palavras, nem de mim, muito menos dos sentimentos que elas podem evocar assim, tão indelevelmente. Se um dia eu pudesse me dissociar de mim, eu me separaria dos meus eus para ficar um pouco sozinha. Depois reataria com elas para sair a noite e brincar em algum lugar debaixo das estrelas. Eu gosto de fazer coisas proibidas, elas me incitam a ir além do que o pudor pode considerar um limite territorial. Não tendo fronteiras, somos como correntezas em mar aberto, fluindo desassossegadamente. Um clipe instantâneo de um extraordinariamente fantástico, com todo o charme que envolve um filme, quase real, que logo ultrapassa a linha dos 3 minutos e meio e torna a rodar as imagens do cotidiano. Quando as pessoas sentem prazer é mais ou menos assim. Elas fluem sumindo de si, desapegando-se do próprio corpo, sumindo em um suspiro grave ou suave, que oscila sem parar até o momento que se cala. Quando isso acontece, tudo volta ao normal, os pensamentos não estão mais tão longe... Literalmente seu corpo volta ao estado normal, e é tomado por uma vergonha de ter ido tão longe, ter nadado nos corais do vizinho. Que bobabem, deveriamos ser a favor do trânsito entre estes oceanos sem nenhum pedágio. Mas humanos, são humanos, justamente porque possuem carências, porque são uma carne mole e sem muita dureza, maleáveis de acordo com as circunstâncias e versáteis como as estações.
Just stop to think about it...thoughts

Life is such a challenge
Live it day by day
You never know what's gonna happen
A what might come your way
Just stop and think about it
There is nothing we can do
They can't live without us and
We can't live without them too