Friday, April 02, 2010


We are made of us

Eu tenho sorte ao encontrar pessoas. Não acredito muito em destino, predestinação ou algo do gênero. Mas me desperta a curiosidade quando paro para pensar que muitas pessoas que surgem pelo caminho diário, mesmo aquelas que se entrecruzam e vão embora como uma longa estrada sem fim, parecem ter uma antena um ímã que conecta-se ao meu ser, as minhas verdades, as minhas sutis ou indelicadas demonstrações de sentimentos. Acredito na reciprocidade, na sinergia e no poder de atração que os corpos exercem uns com os outros. É algo divido e infernal, insano, por vezes inexplicável pois há aqueles tipos que atraem fatalmente mas desgovernam a direção ao ponto de não haver como conviver. Curiosamente são estes que na maioria das vezes fazem com que a atração se torne um campo minado, uma fogueira em chamas ou um precipício para a prática de queda livre. Escrevi em algum lugar, colocando algum sentido em resumidas palavras: "Neste momento de renovação", que conjugam uma metáfora sobre o cotidiano em que volta e meia novos personagens se entrecruzam em uma trama enlouquecedora que se chama, vida. Se eu fosse interpretar a mim mesma, não conseguiria delimitar em um roteiro o que de fato sou. Porém, se fosse interpretar minha colega de trabalho, meu chefe, minha irmã ou uma freira, saberia exatamente em quais gestos e trejeitos basear meu prólogo. A verdade é que vivemos todos em um sentido de representação, e encarar o ator eu trata-se de uma tarefa praticamente impossível, pois afinal, estamos tratando de uma ópera e nao de uma peça ou apenas de um cenário, de um mundo dividido em infímos eus, de medos, delírios, sonhos, projeções... E neste enredo, invariávelmente nossos alicerces para reconhecer afinal, qual é o papel a seguir, as pessoas, estas figuras que insurgem em meio da nossa pantomima maestral nos ajudam mesmo que por alguns segundos a reconhecer quem está atuando e quem está apenas assistindo.