Sunday, July 26, 2009


As paisagens que sugerem os filmes são a arte que o cineasta revela em um recorte fantástico da realidade, assim como o jornalista, que faz malabarismos com as palavras e reinventa formas de expressar e dizer, quase a mesma coisa de diferentes formas.

O sol se escondendo no horizonte gelado, as casas encobrindo a monhava verde longinqua e aparentemente calma, os carros movendo-se em circulos no centro minusculo desta cidade de interior, e o que dizer das pessoas, esses fragmentos multicoloridos que vão e vem pelas ruas e esgueiram-se umas das outras em uma caminha frenética para todos os lugares possíveis e imaginários.

Barulhos mil fundem-se ao canto do pássaros e o lamúrio da natureza, há um quê de funesto nesta escuridão insípida que é o asfalto, mas ao contrapô-lo com as arvores, as pequenas flores que surgem em meio a vegetação urbana e os canteiros cuja ornamentação fora esquecida com a chegada do inverno, compõe um cenário otimista de um belo final de tarde neste domingo, gelado.

As temperaturas cada vez mais baixas apetecem os mais variados sabores ao paladar, o doce torna-se ainda mais doce, o salgado se faz o alimento mais calórico que se possa obter, até mesmo os liquidos tem outro sabor, muitas vezes estão ou muito gelados, ou por demais aquecidos, acho que esta é a estação da extremidade. Estamos dentro de nossas casas aquecidos por mantos de conforto e luzes não param de acender-se, misturam-se as chamas das lareiras a tilintar gravetos de madeira dentro de si e como um vulcão sucumbir o frio dos ambientes e esquentá-los enrubescendo nossas buchechas... ao tempo que lá fora, a temperatura é tão baixa que até mesmo os bichos relutam em aparecer, onde estão as ratazanas do submundo sujo e imundo das grandes cidades?

Faltam 60 dias para o fim desta estação, o espírito do inverno se esvai ao tempo que o sol reina no céu desfazendo a geada que encobre o campo nas primeiras horas da manhã.
Há ansiedade, precipitação compasso de euforia, melodia intrépida, superfície frágil e rocha porosa e um penhasco ruidoso que durante a noite ecoa murmúrios de vozes que se confundem com outros barulhos, o trem passa busina e segue pelos trilhos levando consigo mantimentos para algum lugar não tão longe daqui...

A casa treme sempre que o trem passa, pressinto que ele passa depressa pois é quase que inperceptível sua aparição...

A lua invisível no céu azul aos poucos se cristaliza na noite escura, é uma virgula em meio ao infinito de interrogações que simboliza o grande céu, o manto de pontos luminosos que paira sobre nós como uma colcha de retalhos retirada do fundo do baú, propricia e muito adequada para esta estação..

Brindo ao acaso, aos amigos, ao belo dia que se consagrará em amanhã... as folhas caídas nas ruas que varrem lentamente a poeira do chão, as crianças que sorriem e são cores ainda mais intensas no trânsito da vida e a família que faz com que eu me sinta sempre dentro de um berço ouvindo canções de ninar...

Friday, July 17, 2009


Alguém me disse que sempre teve uma pessoa para me dizer o que fazer...Agora me encontro nua em uma encruzilhada de indecisões, a transparência da realidade dói nos olhos...È difícil ter consciência de que a responsabilidade começa a cair por cima dos ombros e que só depende de mim mudar a situação.Não posso mais pedir para ninguém me segurar enquanto eu caminho na corda bamba, adianto o tempo na indecisão...Confiando na ilusão de que uma noite resolverá todos os problemas e que quando o sol brilhar novamente eu estarei nova...
A renovação não vai partir da escuridão sem que eu acenda a luz...As vezes penso que sou a única pessoa no mundo a sentir tal desconforto...Já profetizava Nietzsche da inconformidade do ser humano em ser simplesmente humano com todos os labirintos que nos fazem perdermos dentro de nós mesmos...Uma vida sem problemas é uma vida inútil, pois há de se aprender com eles...Preciso encontrar uma válvula de escape que me faça produzir uma mudança no que eu sou para aquilo que pretendo ser...Nem tudo pode ser efêmero, nem tudo pode ser duradouro...
Agora me sinto sozinha, como se pudesse contar somente comigo mesma...E é assim que terá que ser..Talvez em um momento da vida eu agradeça por estar passando por isso..Não é o final do mundo, pode até ser o recomeço do meu universo...Eu não me conheço...Eu ando nas ruas a procura de uma felicidade que está fora do meu alcance...E sempre foi assim...Ao colocar as palavras em ordem, a medida que os pensamentos coordenam essas linhas posso sentir um pingo de otimismo brotando de dentro do coração...
Perder um amor é como perder uma parte de si, espero descobrir que nosso corpo é regenerável, e que a fumaça que sai das cinzas queimadas dentro de mim se dissipe lentamente para bem longe, e se dissolva no ar...Sempre sonhei em voar, talvez num futuro próximo terei essa oportunidade, adentrarei um mar nunca antes navegado, conhecerei seres nunca antes vistoa, espécies exóticas que jamais sonhei encontrar...
Estou tentando lembrar se tenho algum segredo...Se guardo dentro de mim alguma fórmula genuinamente minha além de meu DNA...Talvez eu esteja a inventando a cada dia, ou a destruindo aos poucos...Já pensei em acabar com isso milhares de vezes, mas seria covardia deixar tudo isso pra trás...Não sei o que pode vir, seria uma jogada muito arriscada simplesmente sumir, sem saber até onde vai o ponto final...
Não quero morrer, apenas sobreviver aos dias...Estar ciente de que as escolhas sim, essas tem um peso talvez mortal sobre nossa existência...Na verdade não gostaria de ser ninguém a não ser eu mesma, nesta insanidade ou excesso de consciência eu esteja descobrindo que não sou só uma...Que posso recorrer a outras dentro de mim, e pedir ajuda a elas para que me libertem...Ou que apenas me façam companhia na hora de embarcar para uma nova direção...Talvez descobrir que agora já não dou mais atenção para o que os outros vêem de mim...
Existem dois pólos do meu ser, aquele que busca insanamente uma libertação momentânea através de impulsos muitas vezes impensados para obter satisfação e prazer... E outra que pretende desbravar o mundo através de algum talento inato que ainda não sei explicar.... Talvez agora eu comece a descobrir a minha missão neste lugar... Todos a temos, se não temos é porque não fomos suficientemente inteligentes para descobri-La ... Então como nunca eu perceba que agora, tanto faz se eu morrer na praia ou naufragar, para os outros tanto faz, agora depende de um compromisso comigo mesma...
Meus pais já não acobertam mais minhas carências e frustrações, meu mundo se tornou maior do que caberia a eles suportar com os dois braços como se estivessem me mantendo no colo o tempo todo...Eu quero sair a noite sozinha, e estar disposta a me deparar comigo mesma no espelho de um bar qualquer e dizer, vamos embora estou cansada de ficar aqui...Não quero mais seguir desenfreada e irracionalmente..Instintivamente..Já está comprovado que minha satisfação é mera questão de segundos...Como uma criança que enjoa do brinquedo, ele não se trata mais de passatempo quando tenho com livre acesso ao alcance das mãos.. Torna-se algo corriqueiro e banal..Essa intervenção que eu tenho constantemente com o desespero como se estivesse em um parque de diversões e subisse e descesse a montanha russa dos dias rapidamente é algo que não dura tanto tempo assim, pois o parque fecha....
As ilusões não se cristalizam...O que esta a minha volta me influencia poderosamente...E passo a sentir outras sensações novamente...Não quero mais pensar em um futuro que não dependa só de mim mesma.. Agora é a hora de construir bases e pontes sólidas para que em algum momento eu possa me apoiar quando me deparar com esta situação de desolamento novamente..Quando todos se forem, as luzes estiverem apagadas, as maquinas não estiverem em funcionamento, e meus monstros começarem a me assombrar, terei que lutar contra ele sozinha e se preciso acender as luzes também...O primeiro monstro que tenho de derrotar esta muito próximo...Esta será a segunda tentativa e espero não falhar, nossos cavalos de batalha se fortalecem a medida que caímos de cima deles...
Se existem armas neste mundo é para suprimir um problema imutável...A inocência dos homens em acreditar que a força física pode derrotar os inimigos fez com que elas fossem criadas... Porém inevitavelmente as armas materiais voltam-se contra seus próprios criadores, aqueles que portam elas em suas mãos e acabam sendo vitimas de si próprios...Armas assim são uma constatação da estupidez e burrice humana...Porque o que realmente tem o poder de ferir e banir um inimigo eternamente é a força que não podemos enxergar...Talvez eu tenha fé,.. Só por hoje.. Ou para todo sempre...Espero de coração que sim...

Thursday, July 09, 2009


Fora uma cortina que se abriu no céu cinza de uma tarde chuvosa, que cintilava um horizonte quando os raios se manifestavam... Muitos olhos a espreita de uma fresta para vislumbrar um paraíso de sonhos impossíveis.


Cai a noite e a cortina se fecha, antecipadamente acenden-se as luzes e os postes da rua, iluminando as placas que indicam para onde seguir. Há um ser humano só, abrigado em baixo de um guarda chuvas preto, anda pelas calçadas molhadas sem cruzar com uma alma viva.


A fumaça das casas invade a rua e impregna suas roupas já molhadas. Nenhum abrigo agradável se apresenta, está prestes a desistir de caminhar quando revira o bolso do casaco e encontra um cartão inesperadamente. Provavelmente havia o esquecido ali. Rodeia a cabeça para todas as direçoes a procura de um telefone e de repente avista uma porta com uma plaquinha inscrita "ABERTO". Segue em direção a luz que indica que alguém divide com ele a solidão daquela noite. Para sua surpresa logo que se depara com a porta de vidro, percebe uma profusão de movimentos lá dentro. Sem titubear avança. Uma escada leva a um andar subterrâneo, desta vez é a fumaça dos cigarros e o balanço da música que invadem suas roupas e sua alma. Mulheres vão e vem de todos os lados, são muitas estão em todos os lugares, seus olhos estão em chamas. Alguém se aproxima e pergunta você está servido? O que um homem naquelas circunstâncias poderia responder se não um negativo redundante inundado de esperança, depois de ter atravessado a cidade inebriado em pensamentos torpes e sombrios, desempregado, abandonado como um cão e com pouco dinheiro para gastar, aquela pergunta possuia uma sonoridade majestosa, poderia ser sua salvação. A mulher está olhando séria para ele, com uma postura um tanto apressada anseia pela resposta, ele então mexe o maxilar para entoar um não quando de repente, acorda.


Alguém se perdia e outro se encontrava no momento em que começei a escrever este conto e este outro obviamente o sujeito em questão, acordava de um sonho confuso em uma manhã de quinta feira veranil, com o sol brilhando do lado de fora e a brisa leve movimentando as cortinas alvas enquanto os pássaros cantam, os carros da rua entoam o hino do tráfego, e o despertador toca: É hora de levantar!