Tuesday, June 28, 2011

"Esta noite sonhei com minha mala. Eu estava em uma estrada e de repente a levaram. Um pivete que vestia um casaco vermelho com capuz, a levou para dentro de uma grande escola, tive que correr por salas e escadas compridas atrás dela. Em meio a essa correria me deparei com um curto circuito, algo se prendeu em torno do meu pescoço dando um choque em mim e em um homem que tentava me ajudar, ele infelizmente morreu, eu fiz mta força para aquilo nao tirar todas as minhas energias, e consegui me libertar do fio. Meus dentes estavam escuros, sai correndo em busca da minha mala,  e a avistei parada, em frente ao que parecia uma lancheria, continuei por entre as escadas e labirintos daquela imensa construção, até que enfim, cheguei ao lugar que havia a avistado. Era uma ilusão de ótica, na realidade não era minha mala que lá estava e sim um carrinho de metal com umas borrachas amarelas em volta. Foi desolador. Corri novamente, não sei como encontrei minhas coisas atiradas no chão em um monte, a mala acho que havia sumido, meu óculos de sol estava todo torto e o recuperei, nao sei como tão rapidamente perdi o interesse por todas as minhas coisas, enfim  acordei."

Com o tempo tudo se aprende, se assim mesmo for a vontade que se tem na vida.

Uma vez escrevi sobre quanto vale o amor de um homem., acho que continuo sem saber a resposta para essa pergunta. Primeiro porque um relacionamento não diz respeito a equações. Segundo porque é difícil ter um padrão de medida matemático quando se tratam de sentimentos.
Vivemos e cremos em um mundo que gostaríamos que fosse perfeito, e da mesma forma projetamos isso nas pessoas que nele vivem e que conosco convivem. Mas elas não o são.  Nada é perfeito e incrivelmente no que diz respeito aos relacionamentos, algumas histórias se repetem. Porque quando você idealiza uma realidade, inevitavelmente você cai nas armadilhas do cotidiano, do comum, do normal, afinal não somos super heróis e nosso dia-a-dia está longe de ser fantástico. Você sente, vê e pensa o mundo de uma forma, mas isso não quer dizer que o resto do universo fará o mesmo. Você cria suas fantasias, vaga pelos labirintos estreitos dos seus sonhos e às vezes desconhece o inteiro que está bem ao seu lado. Por que? Tenho duas teorias:

-Primeiro,  é infinitamente mais fácil ver tudo do modo ao qual estamos acostumados a ver e não se por no lugar do outro.

-Segundo, por vezes a realidade parece tão assustadora, então torna-se muito mais cômodo acreditar em qualquer outra coisa do que no que os próprios olhos vêem (não deixa de ser comodismo também). E é por isso que ninguém que ficou sentado em uma poltrona sem se mover,  fez alguma diferença no mundo até hoje. Seria muito fácil compreender tudo se pudéssemos optar por ligar um botão e dizer, isto é real, isto não é. Mas pelo contrário, a realidade é do tamanho da nossa consciência, e muitos a desconhecem.

Mas não se trata só disso, tudo à nossa volta é uma grande extensão elétrica que fornece energia para uma cidade. Felizmente eu tenho ciência de que faço parte desta  cadeia. E sabe o que acontece quando falta luz em uma casa?  Aparentemente nada se modifica, pois afinal são tantas casas, só uma luz apagada não parece fazer muita diferença, mas o faz. Se você subir no lugar mais alto desta cidade à noite, e tiver a percepção atenta para observar, para ver o todo, logo se dará conta que algum lugar está escuro, lá uma luz deixou de brilhar. E é exatamente assim que eu me sinto algumas vezes. É algo extremamente involuntário que sempre me sinaliza que algo não vai bem. Como aquelas pessoas que enxergam luzinhas quando estão mal de algum órgão interno ou comeram um tempero muito forte. Esta na verdade, não é uma sensação ruim, e sim esclarecedora. Dependendo do ponto de vista ela pode ser brutalmente invasiva, está aí mais uma prova de que tudo depende do ponto de vista! Se você faz parte deste grande todo, e sente que em algum lugar algo está errado, é impossível negar. "É tão certo quanto o calor do fogo", já dizia a música. E a vida inteira eu posso dizer que sinto essas coisas, e outras mais. Nestas outras mais incluo outro questionamento sobre a vida: Quanto vale o preço de uma liberdade? Existe fiança que pague?

É partindo destas duas perguntas básicas que pautaram minha reflexão, que é possível tentar descobrir o real valor de um relacionamento. Ser livre, dono de si mesmo e de suas ações, transitar pelo mundo como alguém inteiramente único, só, um indivíduo que carrega o peso de sua cruz sem dividi-la com ninguém e que apresenta uma face brilhante capaz de ofuscar a luz mais intensa, e outra proporcionalmente escura, abissal.
Ao mesmo tempo ter alguém com quem dividir tudo é tão mágico e especial, tão inspirador, se genuíno, tão importante quanto um dia de sol, mas algo que invariavelmente requer habilidades inumanas.

Um dos grandes motivos dos relacionamentos modernos não darem certo é a invenção da oferta. Preço tudo parece ter, e ao mesmo tempo tudo está em liquidação, mulheres bonitas principalmente, e já aviso de antemão, que eu não estou. Você pode ter o melhor produto em casa mas a liquidação sempre será irresistível, e isto serve mesmo para aqueles mais convictos de seus propósitos. Afinal, o ser humano tem olhos para a novidade como alguns animais o tem para a caça.

Quanto as mulheres em geral, acho uma pena que saibam que a única coisa que as faz produtos em oferta extremamente desejáveis é a embalagem. Como se todo dia fosse Páscoa, temos milhares de ovinhos em promoção, mas todos muitas vezes decorados para exprimirem exatamente o sentido oposto que a data pressupõe. E é incrível porque ainda nos dias de hoje, as pessoas caem na conversa do coelinho da Páscoa, mesmo aquelas que mais amamos.

No dia-a-dia é tão difícil perceber essas sutilezas? Ou eu que idealizo um ser humano que ainda não inventaram?  Não julgo as belas e narcisas mulheres, pois às vezes eu também sou uma delas, questiono as pequenas almas, aquelas que não podem ser nada além do que aparentam.

Por ventura descobri que algumas das minhas perguntas jamais terão resposta racional, matemática ou concreta. Mas é reconfortante saber que estou ciente da diferença entre aquilo que meus olhos enxergam e do que eles gostariam de ver, dos meus atos, da minha vida, dos meus princípios e das minhas ações, que ainda juntamente com todos os defeitos que pretendo amenizar progressivamente, me fazem ser a cada dia mais bela. Uma bela criatura, dependendo do ponto de vista. Assim até me conformo com a idéia de me tornar velha, pois a idade é ao mesmo tempo um laboratório de vida apaixonante!