Tuesday, August 18, 2009




Tem palavras que ficam recônditas nos cadernos... Tem outras que sopram no pensamento e fogem pelo ar, e têm aquelas que imploram vêemente por serem derramadas em qualquer superfície pois sufocam e agonizam, dilaceram o intervalo de tempo que estão sendo expressadas com doses agudas de sentimentos diversos. Estou sentada em uma plataforma distante, posso ver o céu encoberto de um manto vermelho e algumas nuvens escuras contrabalanceando a paisagem rubra. Ouço vozes e movimentos da rua, vejo as folhas e galhos das arvores formarem um desenho abstrato emoldurado pelo céu, a fumaça se dissolve no ar úmido e denso, o cachorro late e as luzes dos faróis refletem na parede mais parecendo vultos cincronizados em flashs rápidos... Penso nos meus amigos, penso na minha família, no futuro que parece um vão curto entre o presente em que a qualquer momento se pode cair, sem mais poder subir novamente à superfície. Antes da queda, imagino um lugar onde não precisa contar os minutos, horas, segundos e dias, ou nem mesmo olhar no calendário. Tudo é pressa e nada acalma. Ansiedade é como um ácido que corroe lentamente as vontades, o prazer, até o entretenimento se torna vão, e é compensado por mecanismos técnicos que fazem da rotina uma máquina inquebrantável de repetições em larga escala. Não há aquele sabor intenso de lágrima misturado ao calor de uma boca, nem mesmo há aquela sensação de nostalgia que é própria dos apaixonados. Há um esgotamento da memória, um desejo imenso de apagar algumas lembranças e matar algumas pessoas, para sim enterrá-las no passado sem coroas de flores, murchas! Gosto das diversas interpretações que podemos tirar das manifestações da natureza, do belo e da formação congênita das cidades mal organizadas, quero ir além em alta velocidade e não olhar para trás, simplesmente.