Monday, September 19, 2011


Recentemente a morte visitou minha família. Ela foi daquelas surpresas que aparecem de supetão sem que você nem tenha como recusar a visita. There´s no choice. Nenhuma chance, nenhuma janela de emergência nem uma basculante em um labirinto sem saída. De repente tudo fica cinza, mas não porque a morte seja escura, mas porque ela não é compatível com a vida, do contrário não seriam opostos um do outro. Aí, depois do susto, vem os instantes de desespero, porque como era de se esperar a morte vem pra buscar, ela não leva ninguém para passear e traz de volta. Geralmente a morte é como uma premiação de consolo para os que estão em um campeonato e chegam por último, é o caso dos velhos. Os velhos sabem que vão morrer, eles esperam por isso e de repente ela vem, premia aquela espera enfadonha que é se sentir inútil perante a sociedade pelo simples fato de ser: VELHO. Não que todo mundo se sinta assim, mas pensando da forma mais generalista possível, eu diria que uns 70% acham que morrer é um alívio dentre as circunstâncias como doença, invalidez, solidão, marginalização etc. Os outros 30% sobram para aqueles que morrem jovens, inesperadamente, como um sopro de vento em um dia quente, ou uma chuva torrencial no sertão. Então eu comecei a relativizar tal situação. Morrer só se morre uma vez, e não tem escolha, como nascer até o que tudo indica. Porque a gente não lembra se viveu outra vez ou não, e se já morreu também. No nosso dia-a-dia, os homens criam cada vez mais atrativos, aparatos, entretenimento e distrações, para nos fazer acreditar que somos imortais, e é aí que ela nos pega, não pensamos nunca, ou quase nunca sobre a MORTE. Mas ela é certeira como uma flecha, e mesmo que demore, uma hora ela vem. Agora vislumbrei uma cena de filme: O moçinho está lutando contra o bandido, todas as armas são desnecessárias, ele já esgotou todas possibilidades, então rendido, ele acaba se entregando para o adversário e morre no campo de batalha. É assim, nós estamos no campo, e uma hora ou outra a morte vem, mesmo que tenhamos armas, ou uma câmara hiperbárica como o Michael Jackson, a gente vai. Se a morte fosse narrada pelo Zé Graça seria: Pega vai e não volta, dá uma rebimbada na plantinha e cai duro no chão. Eu tentei fazer graça, porque é a partir dela que encaro a morte como consequencia, também não sei de quem foi a ideia de descrevê-la como abismo, como coisa ruim. Talvez a morte seja algo bom, para aqueles que souberam entender em vida qual é o seu sentido. Eu pulei de um extremo para o outro, em pouco tempo. Certa vez eu achava que viver, era o agora, o hoje, ao máximo possível com todos os artifícios necessários para deixar isso ainda mais intenso e alucinante. Até que cheguei a conclusão que é impossível viver tudo ao mesmo tempo. Aí eu aprendi a viver de pouco em pouco, e consegui entender porque a morte existe. Eu sinto porque meus familiares adoecem pela tristeza. Se deixam levar pelas emoções na espera de um consolo que jamais virá. Mas não me identifico com esse sentimento, porque o nosso maior desafio, é fazer diferente quando todos esperam que façamos igual.