Friday, June 26, 2009


E se eu me perder quem irá me encontrar, e se as ruas se tornarem longas demais e não houver mais um ponto finito, estarei longe, distante em qualquer lugar onde ninguém possa tocar...

Vôo baixo, o som está pesando a esta hora da tarde, nem mesmo entendo, porque, há tanta confusão. O ar está salgado, não como a brisa da praia, mas com um gosto estranho, de moléstia e estranheza, há dor que não punge tanto, é algo como uma cicatriz inchada prestes a criar uma casca purulenta na pele e se despedir da fenda vermelha de sangue que abriga...

Tece cores inflamadas em uma órbita em transe. Esta hora seria perfeita para mergulhar em uma água morna. Sentir os cabelos se tranformarem em uma seda límpida que vai cruzando a água e bate nas costas enquanto as bolhas saltam para fora do nariz apressadamente.

Eu sinto mesmo uma falta de ar, um peso dentro do corpo, os pulmões e as veias semi dilatados... A pressa para que a noite chegue, e nos abrigue em qualquer porão de ilusão. Estrelas cintilantes, douram meu parecer de não sei, simplesmente, explicar o quê. Ouço vozes ocupando o cômodo ao lado e elas falam sem parar, porém sem tom de pressa sem pretender passar o tempo sem querer fugir...

Aqui elas correm pelos becos das entrelinhas e procuram abrigar-se em qualquer lugar que não seja um refúgio sombrio para os pensamentos que transitam agora... Indiscriminados... Confluem com a leveza paradoxal do ar, e com o abafamento da sala... Com o barulho do cabo desta máquina ligada na tomada, refletindo na caneca suja do canto da mesa, nos papéis jogados displicentemente por cima de tudo...

Se houvesse vento, dissiparia pra longe, as folhas imóveis ganhariam asas como um avião de papel...

Mentiras sinceras , me interessam!

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