Monday, July 26, 2010
O melhor esconderijo, a maior escuridão, já não servem de abrigo, já não dão proteção.
As vozes falam, ecoam sob os ouvidos fazem piruetas e giram aleatóriamente. Elas falam muito, são incessantes, reverberam palavras infinitas enquanto a língua vai consentindo. Diante do quadro, da pista, do vaivém, alegria intensa se perpetua sobre cada molécula de ser, sinto o estar, o presente, o sol se pondo ao fundo emoldurado pela janela do carro. A trilha sonora é um grito de liberdade, um som envolvente que nos acompanha até a chegada da noite.
A noite deixa os pés adormecidos. Aparece envolta a uma fumaça, luzes coloridas e vultos de pessoas passando na rua. Ela esta coberta de cinza, turva na escuridão, por hora se pinta de prateado para confundir-me. Estranhamente ligeira, ela passa, corre com as horas que trazem um dia vigoroso, mas nem tanto para quem teve suas energias consumidas pelo espetáculo noturno da insomnia. A dança que leva as mulheres a saírem sorrateiramente de suas camas durante a noite e aconchegarem-se em meio a mata deserta ouvindo o barulho das árvores batendo umas nas outras.
Sépia é a cor do telhado, tijolos que sempre deram cobertura para os melhores sonhos e também para os grandes pesadelos. Ficam encaixados uns nos outros, em formato de telha, vivem entrecortados entre si escorrendo a água da chuva límpida e gelada. Gotas que gelam os pensamentos, remontam medos soturnos, obscuridade, má intenção. Quembram-se, estilhaçam-se, caem no chão, despemcam sobre a terra atingidas pelo forte temporal. Arrasam.
Teatro diário. Você está caminhando na rua, veste seu jeans predileto, um tênis bacana que te faz sentir-se confortávelmente bem, carrega em sua carteira algumas notas para gastar no que bem entender, passeia, vê cores, saboreia um sorvete cremoso, doce e fugaz tanto quanto sua sensação de prazer. Finge não encarar as pessoas mas as observa como quem tenta decifrá-las, e de repente se depara consigo mesmo. É um reflexo do espelho da fachada da loja da esquina, que ilumina o cantinho da sua perna, faz você voltar os olhos para baixo, e percorrer o seu corpo através do espelho até o momento que encontra-se encarando a si. Para. O instante se congela, um filme pouco habitual volta a rodar na sua cabeça, frases frases, palavras, pessoas, vultos, telhas, chuva, noite, cores, medos, sonhos escuridão, sol brilhante alegria intensa, vigor... Então você percebe que precisa recuperar o seu, se pergunta quem está ali atrás da imagem refletida no espelho, questão que não passa de mera observação pois você jamais poderá responder. Começa a tentar procurar as respostas nos outros, reata as amizades, telefona para os velhos amigos, marca uma saída para conversar.
E volta novamente às palavras, recorre a elas para tecer um diálogo que quer somente conhecer a estrada que o levará ao fim. Fim do drama, fim da trama, fim do desdém. Fim da rima, fim do túnel. fim do começo.
My end is my beggining.
"En ma Fin gît mon Commencement..."
"In my End is my Beginning..."
This is the saying which Mary embroidered on her cloth of estate whilst in prison in England and is the theme running through her life. It symbolises the eternity of life after death and Mary probably drew her inspiration from the emblem adopted by her grandfather-in-law, François I of France: the salamander. The Salamander self-ignites at the end of its life, and then rises up from the ashes re-born...
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