Não lembro se foi na infância, ou se já estava na adolescência, deve ter sido um pouco dos dois, mas a Cecília Meirelles realmente marcou determinada fase na minha vida. Seus poemas simples, e ao mesmo tempo tão sábios, tão femininos, tão nossos, me aqueceram a mente nesta manhã fria e cinza. Eu tenho fases como a lua, fazer de ser sozinha, fazer de ser sua. Devo ser uma Lua Adversa como bem descreveu a autora, eu e mais umas tantas. No mesmo instante em que eu colei este poema aqui no blog, pude ler o relato de outra pessoa falando sobre a primeira vez que viu este poema, devia ter uns 13 anos...
Lua Adversa
Tenho fases, como a luaFases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia, o outro desapareceu...
Cecília Meireles
Ainda bem que eu mantenho dois lugares pra postar minhas cotidianices. Desta vez eu resolvi parafrasear:
Duas vezes e mais um pouco de mim.
Ás vezes a superficialidade
tenta me arrebatar por inteiro
Ando por aí como quem não quer nada
Vivo a vida sem rodeio
Ás vezes uma profundidade fria me consome
E mesmo que a temperatura congele meu exterior
O coração se mantém aquecido
Vibrando num ritmo encantador
Eu piro em mim mesmo
Na minha adversidade e no meu paradoxo
Se disser que nunca me contradisse
Estarei desdizendo o indizível.
E eu sei muito bem brincar com as palavras.Assim como desaprendo quando um vento
Me vira para o norte
Me fazendo pensar
Que nunca estive no sul.
Na verdade às vezes eu tenho vontade de fugir
Mas tudo que é oposto ao que vivo
Parece intensamente mais intrigante
E em outros momentos
Eu só quero ficar
Preciso que me dêem
Um colo pra deitar.
Eu vou e volto nesta intensa sintonia
E eu ainda acho que é melhor
Estar em movimento.
Porque ao contrário do tempo
Meus ponteiros não giram e voltam para o mesmo lugar.