Chove lá fora, a chuva inunda as poças nas ruas e faz jorrar pelas valetas água por todos os cantos... Estou dentro de casa, a luz do computador incomoda um pouco os olhos, me sinto cansada, meu físico está repleto de energia e endorfina e o cansaço psíquico é que deixa transparecer meu descontentamento.
Ando por aí sem saber a direção que vou dar a meus rascunhos de vida, e preciso externar algumas poucas palavras significativamente nulas no tempo que passa feito rajada, enquanto a chuva continua a cair...
Faz algum tempo que deixei de contar os dias, faz tempo que eles voam sobre mim como um míssel de guerra e faz tempo que estou cansada de esperar por um dia que quando chega se torna dúvida que plana sob meus pensamentos diariamente. Algo me acorrenta, me tira os sentidos, me faz uma massa inerte que está a divagar sem provar das sensações que o mundo tem a oferecer.
Me sinto dentro de uma bolha que está prestes a estourar e que chia como uma panela de pressão que coze as pressas um alimento qualquer. Tenho raiva, ansiedade de que o tempo passe logo para que eu me liberte de alguma forma desta tortura que sinto minuto a minuto, quando os ponteiros do relógio não giram e eu continuo a esperar em vão por algo que talvez já esteja grão por grão perdendo sua forma, como os castelos que as crianças montam na areia da praia.
Algumas horas atrás estive a contemplar algumas fotos e elas me afloraram um sentimento de nostalgia que me suscitou algumas coisas como se o ano em questão, este que estamos vivendo no calendário e o passado, se é que ele existe, não tivessem sido vividos devidamente.
Esta é a sensação que emana sobre mim nestas primeiras horas de uma noite que ciclicamente está sendo igual à de ontem e mais parecida ainda com a de amanhã. A rotina é o remédio para os que pensam que são loucos e a insanidade para aqueles que gostariam de ser normais
Nossa. Que forte!
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